sexta-feira, 11 de abril de 2014

ROTEIRO DA REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL 1974

A partir de 1973, o Estado Novo vai começar a sentir o maior descontentamento em relação ao regime entre os militares. Começam as primeiras reuniões preparatórias da revolução do 25 de abril de 1974.
A primeira reunião teve lugar em Bissau em agosto de 1973 entre 51 oficiais das Forças Armadas.
Depois sucederam-se várias reuniões do Movimento das Forças Armadas, começando no Monte Sobral em Alcáçovas, perto de Évora, a 9 de setembro de 1973.
Seguiram-se em S. Pedro do Estoril e na Costa da Caparica, onde nesta última ficou decidido que os militares Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho e Vítor Alves coordenariam a preparação do golpe militar.
 A 15 de abril de 1974, os militares que apoiam o MFA recebem o documento “Ordem de Operações”.
Tendo o MFA obtido da Marinha e da Força Aérea o compromisso de que estas não interviriam no golpe militar e fixam a acção para a semana de 20 a 27 de abril.
Entretanto, ficou determinado pelo MFA que o início das operações seria na madrugada de 24 para 25 de abril.
 Às 22h, Otelo Saraiva de Carvalho, Sanches Osório, Garcia dos Santos, Lopes Pires, Vítor Crespo e Hugo dos Santos instalam-se num barracão do quartel de Engenharia n.º 1, na Pontinha, onde é montado um sistema de comunicações para servir de Posto de Comando do MFA.
 Às 22h e 55m, a Rádio Emissora Associados de Lisboa transmite a canção “E depois do Adeus” de Paulo de Carvalho que era o primeiro sinal combinado para os militares se prepararem para sair dos quartéis.
 Às 0h 25m já no dia 25 de Abril, no programa “Limite” da Rádio Renascença é emitida a segunda senha, a canção “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso que confirmaria o início da “Operação Fim do Regime”, sendo o momento que marca a saída das tropas dos quartéis.
 Entre as 0h e 30m e as 3h e 30 iniciam-se por todo o país movimentações de tropas fiéis ao MFA.
 As ope-rações militares desenvolveram-se por todo o território português, mas o objectivo principal era dominar a região militar de Lisboa e obrigar à rendição de Marcello Caetano.
Por exemplo, às 2h e 24 as forças da Escola Prática de Engenharia saem do quartel de Tancos em direcção à ponte da Golegã-Chamusca, a fim de se juntarem aos elementos das Companhias de Caçado-res de Santa Margarida.
Às 3h da manhã, a coluna da Escola Prática de Administração Militar toma a RTP. Também o Quartel-General da Região Militar do Porto é tomado pelas forças do tenente-coronel Carlos Azeredo, onde se instala o posto de comando do Movimento no Norte do País.
O Centro de Operações Especiais de Lamego dirige-se para o Porto, com a missão de ocupar a delegação da PIDE/DGS.
Duas companhias de Batalhão de Caçadores 5 cercam o Quartel-General da Região Militar de Lisboa, ao mesmo tempo que é ocupado o Rádio Clube Português por um grupo de militares comandado pelo Major Costa Neves.
Igualmente, é ocupada a Emissora Nacional e às 4h e 20 as forças da Escola Prática de Infantaria de Mafra assumem o controlo do Aeroporto da Portela.
 Entretanto, às 4h e 30, Joaquim Furtado lê aos microfones do Rádio Clube Português, o primeiro comunicado do posto de comando do MFA. Neste pede-se à população que esteja calma e aos habitantes de Lisboa “no sentido de se recolherem a suas casas nas quais se devem con-servar com a máxima calma”, informando que há uma revolução em curso para pôr fim ao governo de Marcello Caetano.
 É, então, que às 5h da manhã, o chefe do Governo, Marcello Caetano, refugia-se no Quartel do Carmo da GNR que era fiel ao Governo.
 Com as regiões militares do Norte, do Centro e do Sul controladas, o MFA consegue dominar facilmente a situação em Lisboa, depois de tomadas as instalações do Rádio Clube Português, da Emissora Nacional, da RTP e do Aeroporto de Lisboa. Entre as 6h e as 9h, as tropas comandadas por Salgueiro Maia, vindas de Santarém, ocupam o Terreiro do Paço para controlar os principais Ministérios e onde estavam situadas as tropas fiéis ao Governo que após negociações acabam por aderir ao MFA.
 Às 10h da manhã do dia 25 de abril, a população de Lisboa já está na rua em apoio às tropas do MFA.
Por volta das 11h, as tropas de Salgueiro Maia dirigem-se para o Quartel do Carmo acompanhadas por milhares de pessoas que distribuem alimentos e cravos aos militares.
 Às 13h já há manifestações de populares por toda a cidade de apoio ao MFA e contra o Governo.
A população lisboeta gritava “O povo unido nunca mais será vencido” e invade as ruas da Baixa de Lisboa.
Nesse momento, alguém teve a ideia de começar a enfeitar com cravos os canos das G3 que os soldados carregavam.
Foi, assim, que o cravo vermelho se transformou num dos símbolos do 25 de Abril de 1974.
 Depois de algumas horas de negociações, entre as 15 e as 17h, o chefe do Governo acaba por se render na presença do general António de Spínola.
 É, então, que às 18h, Salgueiro Maia e Sousa Tavares pedem à população que enchia o Largo do Carmo para se retirar, embora sem sucesso, para que Marcello Caetano pudesse abandonar o quartel.
 Mas foi só às 19h e 30 que Marcello Caetano e outros membros do Governo entram numa viatura blindada e são conduzidos ao Posto de Comando do MFA na Pontinha.
Daí, embarcam num avião para a Madeira e, mais tarde, partem para o exílio no Brasil.
 Finalmente, às 20h, o MFA comunica nos emissores do Rádio Clube Português que o regime chefiado por Marcello Caetano tinha terminado.
 Na madrugada do dia 26, à 1h e 30, através da RTP, a Junta de Salvação Nacional apresenta-se ao País, presidida pelo general Spínola, com o programa do MFA.
Com este comunicado a revolução tinha triunfado.
Entretanto, o Presidente da República, Américo Tomás, que nunca abandonou a sua residência, é obrigado também a embarcar para a Madeira e, mais tarde, para o Brasil.
 Tinha, assim, caído a ditadura em Portugal e vencido a Revolução
de 25 de Abril de 1974.





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