31 de Janeiro.
Itinerário:
Rua D. Manuel II: o Batalhão de Caçadores 9 sai da Rua D. Manuel II, antiga Rua dos Quartéis numa noite fria e chuvosa. Lá estava também Alves da Veiga, advogado e professor, um dos líderes da revolução republicana de 31 de Janeiro.
Cadeia da Relação: O primeiro “Viva à República” foi dado pelo Sargento Abílio, perto da antiga Cadeia da Relação. Este militar pediu ao alferes Malheiro que comandasse o Regimento de Infantaria 10 até ao Campo de Santo Ovídio. Na cadeia, encontrava-se preso o jornalista João Chagas, director do jornal “A República Portugueza”.
Campo de Santo Ovídio – Praça da República: o Batalhão de Caçadores 9 e a Infantaria 10 chegam ao Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, por volta das 2h30 da madrugada. Contavam também com o apoio de uma companhia da Guarda Fiscal. A Infantaria 18 não sabia ao certo se apoiaria a revolta, acabando por não sair do quartel. Resolvido o impasse, a República foi proclamada e saudada por militares e populares.
Rua do Almada: os militares descem a Rua do Almada em direcção à antiga Praça D. Pedro IV, hoje Praça da Liberdade. Uma banda a tocar o hino republicano “A Portuguesa” abria o caminho aos militares e mais civis que, entretanto, se juntavam à revolta.
Praça D. Pedro IV – Praça da Liberdade: já de manhã, os militares chegam à Praça D. Pedro IV e começam a formar regimentos frente ao antigo edifício dos Paços do Concelho. Alves da Veiga proclama a República à varanda da Câmara Municipal e lê os nomes dos elementos que iriam formar o governo provisório.
Rua de Santo António – Rua 31 de Janeiro: declarada a República, um regimento militar decide subir a Rua de Santo António, actual Rua 31 de Janeiro, com vista a tomar a estação de Correios e Telégrafos. Os revoltosos são surpreendidos pela Guarda Municipal, encontrada, estrategicamente, em escadarias (que já não existem) da Igreja de Santo Ildefonso. Com uma artilharia superior, a Guarda Municipal abafou a revolta republicana do Porto. Relatos da época apontam a morte de 12 revoltosos e 40 feridos.
Foi uma “revolta malograda”, como caracteriza Germano Silva, mas que deixou plantado no país “o génio e a mentalidade” republicana, refere o historiador da Invicta. Com o objectivo de descobrir a rota dos revoltosos, o SAPO acompanhou Germano Silva e dezenas de portuenses que seguiram o jornalista e historiador numa visita aos locais que marcaram a revolta. No âmbito do centenário da Primeira República, o Jornal de Notícias está a organizar passeios históricos pela cidade com vista a relembrar acontecimentos da época.
As causas
No dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique. As figuras cimeiras da "Revolta do Porto" foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, o dr. Alves da Veiga, o actor Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
O acontecimento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Aínda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demontrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar o governo provisório da República, e hastear uma bandeira vermelho e verde. Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi bruscamente interrompido por uma forte carga de artilharia e fuzilaria da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua, vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. Terão sido mortos 12 revoltosos e 40 feridos.
O desfecho
A reacção oficial seria implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios de guerra, ao largo de Leixões. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de prisão mais de duzentas pessoas.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de Janeiro.
31.Janeiro.1891 - A revolta republicana
Itinerário:
Rua D. Manuel II: o Batalhão de Caçadores 9 sai da Rua D. Manuel II, antiga Rua dos Quartéis numa noite fria e chuvosa. Lá estava também Alves da Veiga, advogado e professor, um dos líderes da revolução republicana de 31 de Janeiro.
Cadeia da Relação: O primeiro “Viva à República” foi dado pelo Sargento Abílio, perto da antiga Cadeia da Relação. Este militar pediu ao alferes Malheiro que comandasse o Regimento de Infantaria 10 até ao Campo de Santo Ovídio. Na cadeia, encontrava-se preso o jornalista João Chagas, director do jornal “A República Portugueza”.
Campo de Santo Ovídio – Praça da República: o Batalhão de Caçadores 9 e a Infantaria 10 chegam ao Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, por volta das 2h30 da madrugada. Contavam também com o apoio de uma companhia da Guarda Fiscal. A Infantaria 18 não sabia ao certo se apoiaria a revolta, acabando por não sair do quartel. Resolvido o impasse, a República foi proclamada e saudada por militares e populares.
Rua do Almada: os militares descem a Rua do Almada em direcção à antiga Praça D. Pedro IV, hoje Praça da Liberdade. Uma banda a tocar o hino republicano “A Portuguesa” abria o caminho aos militares e mais civis que, entretanto, se juntavam à revolta.
Praça D. Pedro IV – Praça da Liberdade: já de manhã, os militares chegam à Praça D. Pedro IV e começam a formar regimentos frente ao antigo edifício dos Paços do Concelho. Alves da Veiga proclama a República à varanda da Câmara Municipal e lê os nomes dos elementos que iriam formar o governo provisório.
Rua de Santo António – Rua 31 de Janeiro: declarada a República, um regimento militar decide subir a Rua de Santo António, actual Rua 31 de Janeiro, com vista a tomar a estação de Correios e Telégrafos. Os revoltosos são surpreendidos pela Guarda Municipal, encontrada, estrategicamente, em escadarias (que já não existem) da Igreja de Santo Ildefonso. Com uma artilharia superior, a Guarda Municipal abafou a revolta republicana do Porto. Relatos da época apontam a morte de 12 revoltosos e 40 feridos.
Foi uma “revolta malograda”, como caracteriza Germano Silva, mas que deixou plantado no país “o génio e a mentalidade” republicana, refere o historiador da Invicta. Com o objectivo de descobrir a rota dos revoltosos, o SAPO acompanhou Germano Silva e dezenas de portuenses que seguiram o jornalista e historiador numa visita aos locais que marcaram a revolta. No âmbito do centenário da Primeira República, o Jornal de Notícias está a organizar passeios históricos pela cidade com vista a relembrar acontecimentos da época.
As causas
No dia 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique. As figuras cimeiras da "Revolta do Porto" foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, o dr. Alves da Veiga, o actor Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
O acontecimento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Aínda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demontrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar o governo provisório da República, e hastear uma bandeira vermelho e verde. Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi bruscamente interrompido por uma forte carga de artilharia e fuzilaria da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua, vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. Terão sido mortos 12 revoltosos e 40 feridos.
O desfecho
A reacção oficial seria implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios de guerra, ao largo de Leixões. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de prisão mais de duzentas pessoas.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de Janeiro.
31.Janeiro.1891 - A revolta republicana
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